Universidade Federal da Bahia - Instituto de Biologia - Departamento de Zoologia
Disciplina BIO-116: Zoologia IV - Prof. Pedro Rocha, Prof. Marcelo Napoli

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A página Textos interessantes tem por objetivo disponibilizar textos de divulgação livre relacionados ao campo da zoologia, particularmente da zoologia dos cordados. Qualquer usuário poderá enviar um texto por e-mail para inclusão nessa página. Para tanto, basta citar a fonte e data de publicação, quando possível.

Por ora, os textos estarão organizados por data de chegada. Clique no título abaixo para ler os textos.

- Brasil recria dinossauro preservado (enviado por Taís Almeida em 08/09/2000)
- Descoberto novo dinossauro no Brasil (enviado por Taís Almeida em 07/09/2000)
- Origem do Homem (enviado por Anna Cristina em 13/05/2000)
- Hábitos sociais em dinossauros (enviado por José Roberto em 26/05/2000)

 

- Brasil recria dinossauro preservado

O Globo, 28/7

"Pesquisadores do Museu Nacional, no Rio, anunciaram a montagem do esqueleto e de um modelo da última espécie de dinossauro descrita no Brasil, descoberta na Bacia do Araripe, no Ceará.

As estruturas foram elaboradas a partir de um dos mais bem preservados fósseis de dinossauro encontrados do mundo. Além de ossos, o exemplar de Santanaraptor placidus, de 110 milhões de anos e parentesco distante - mas inédito na América do Sul - com o Tyrannosaurus rex, apresenta músculos, couro e vasos sanguíneos fossilizados e em formato tridimensional.

Segundo o paleontólogo Alexander Kellner, chefe da equipe que realizou a descoberta e montou os modelos, o fossil brasileiro é o primeiro no qual se comprova a preservação desses tecidos não ósseos, chamados de tecidos moles.

- Antes tinha-se apenas a impressão (relevo) desses tecidos - disse Kellner.

No fóssil do S. placidus, um carnívoro de 1,68m de comprimento, mas que chegaria a medir 2,5m quando adulto, o lugar ocupado por parte dos tecidos moles foi petrificada, como costuma ocorrer apenas com ossos. A preservação foi confirmada por imagens de um microscópio eletrônico, nas quais aparecem claramente a estrutura das células da pele, as fibras musculares e os vasos, onde até o sangue foi substituído por minerais.

Parte do material mole foi enviada aos EUA, onde se está tentando achar sinais de DNA. A reconstituição do código genético de dinossauros é um sonho para paleontólogos e inspirou o livro e o filme "Parque dos dinossauros". A descoberta de tecidos moles de dinossauros já havia sido relatada nos EUA, na China e na Itália. Segundo Kellner, porém, até agora não se comprovou a conservação tridimensional desses tecidos nesses fósseis.

Os pesquisadores atribuem o alto grau de preservação do S. placidus a um acaso que reuniu condições químicas e físicas ideais.

- O animal estava na margem do que foi uma lagoa quando morreu. Logo depois, foi carregado para dentro da água - disse Kellner. No fundo da lagoa, quase sem oxigênio que ajudasse sua deterioração, o dinossauro ficou depositado numa rocha calcária, que livrou o fóssil do
esmagamento sob milhões de anos de sedimentos. Além disso, em algumas áreas da rocha, havia um tipo de mineral, um fosfato, com propriedades para amoldar-se aos tecidos moles.

O fóssil do S. placidus foi achado em 91. Por falta de dinheiro e desconhecimento de como lidar com o tecido não ósseo e sem danificá-lo, a pesquisa teve interrupções. Em 96, o grupo, que conta com financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do RJ, relatou na revista científica "Nature" a presenca inédita desse tipo de tecido num fóssil de dinossauro. Só em 99, porém, a espécie foi descrita e recebeu um nome. A recém-concluida montagem dos modelos demorou quatro meses e custou R$ 7 mil.

O S. placidus é o terceiro dinossauro a ter modelos montados no Brasil. Todos são dinossauros de pequeno porte. Os novos modelos entrarão em exibição no Museu Nacional daqui a dez dias."

 

- Descoberto novo dinossauro no Brasil

O Globo, 27/7

"Espécie nova de dinossauro foi descoberta na Chapada do Araripe - que abrange Ceará, Piauí e Pernambuco - por pesquisadores do Depto. de Paleovertebrados do Museu Nacional, no Rio. O fóssil tem 110 milhões de anos e é de um pequeno dinossauro carnívoro bípede, batizado pelos pesquisadores de Santanaraptor.

O fóssil foi encontrado em local conhecido como Formação Santana, rico em fósseis de répteis, como os pterossauros (répteis alados contemporâneos de dinossauros). Poucas espécies de dinossauros já foram identificadas no país. Esta foi a primeira vez que cientistas brasileiros conseguiram fazer uma reconstituição perfeita do animal, que teve também o esqueleto todo remontado.

A descoberta foi considerada especialmente significativa porque o dinossauro - do tipo terópode - teve tecidos moles, e não apenas os ossos, fossilizados. Isto significa que os pesquisadores, liderados pelo paleontólogo Alexander Kellner, puderam estudar sua aparência e modo de vida. Acredita-se que este seja o mais bem preservado dinossauro de que se tem notícia."

 

- Origem do Homem

Grupo acha o mais antigo ancestral humano na Europa.

Ricardo Bunalume Neto escreve para a "Folha de SP":

"O mais velho dos europeus foi encontrado na Georgia. Dois crânios achados nessa ex-república soviética têm 1,7 milhão de anos e representam provavelmente o mais antigo ancestral humano a migrar para fora da África, continente de origem da humanidade.

Outros fósseis de idades semelhantes foram achados na China e na Indonésia, embora existam dúvidas entre os cientistas tanto sobre suas idades como seu parentesco com o ser humano.

Já os crânios encontrados em Dmanisi, 85 km a sudoeste da capital, Tblisi, são os primeiros achados fora da África que mostram caraterísticas africanas muito nítidas.

Equipe internacional de 14 pesquisadores publicou um artigo sobre a descoberta na edição de hoje da revista "Science". O primeiro autor é Leo Gabunia, da Academia Nacional de Ciências da República da Georgia.

Os crânios foram achados a dois metros de uma mandibula que tinha sido achada em 1991, mas cuja identificacao era polêmica. Os crânios são parecidos com outros achados no sítio de Koobi Fora, no Quênia (África oriental), e que foram classificados como da espécie Homo ergaster.

O genero Homo é o mesmo ao qual pertence o homem moderno, classificado como Homo sapiens.

Outros pesquisadores preferem considerar fósseis como os de Koobi Fora e Dmanisi como sendo uma versão primitiva do Homo erectus, ancestral humano que viveu entre 2 milhões e 3 milhões de anos atrás.

Há cerca de 2 milhões de anos já existem evidências de que hominídeos se reuniam em bandos de cacadores-coletores que perambulavam pelas savanas africanas.

Os pesquisadores achavam que um dos fatores que explicava as migrações para fora da África era a maior sofisticação tecnológica, como ferramentas de pedra mais eficazes na caça e no processamento da carne dos animais.

Mas os fósseis da Georgia foram achados próximos de ferramentas de pedra relativamente primitivas, o que invalidaria essa hipótese. Os autores do estudo acham que foram outros fatores, de natureza "ecomorfológica", que deram origem às migrações.

Os corpos maiores de hominídeos do gênero Homo exigiam uma dieta que seria mais facilmente suprida pela caçaa de grandes animais. A maior extensão de área das savanas no passado facilitaria essa migração em busca de caça."

(Folha de SP, 12/5/2000)................................................................voltar

 

- Hábitos sociais em dinossauros

Dinossauros tinham habitos sociais, diz pesquisador argentino

Gustavo Chacra escreve para a "Folha de SP"

"Algumas especies de dinossauro podem ter tido hábitos sociais, tais como andar em grupo e se reproduzir em um mesmo local, de acordo com o paleontólogo argentino Rodolfo Coria.

Responsável pela descoberta do maior sítio de fragmentos fósseis de dinossauros no mundo - uma área de 24 km2 de extensão em Plaza Huincul, na Patagônia -, Coria baseia sua afirmação na grande quantidade de ossos e ovos com embriões que a sua equipe encontrou. É preciso descobrir o motivo de tantos dinossauros terem vindo justamente para essa área para se reproduzir, disse o paleontólogo em entrevista à "Folha de SP".

Os ovos encontrados estão depositados em quatro níveis diferentes do solo, muitos deles com os embriões possuindo tecidos quase intactos.

Segundo o paleontólogo, a descoberta de ovos é a mais importante. Por meio dela, pudemos acabar com teoria de que os dinossauros do grupo saurópode não punham ovos e davam à luz a bebês vivos, afirma.

Com o estudo dos embriões presentes dentro dos ovos, foi possível determinar que os dinossauros que viveram na região eram de um tipo de saurópode ainda não catalogado.

Segundo ele, essas espécies são muito semelhantes às que viveram no Brasil: herbívoros e grandes, com tamanho variando de 15 a 20 metros da cauda até a cabeça.

Coria afirma que, por enquanto, não serão montados esqueletos a partir dos ossos encontrados em Plaza Huincul. Isso pode ficar para uma próxima etapa, diz.

O paleontólogo justifica a espera informando que há ossos de espécies diferentes que estão misturados numa mesma área, o que dificulta a montagem.

Tampouco será possível estudar o DNA dos embriões, que estão mineralizados, de acordo com paleontólogo.

O mais importante no momento, segundo Coria, é continuar com a procura de ossos e ovos na região. A área, segundo ele, deve superar os atuais 24 km2.

Creio que três gerações de pesquisadores poderão fazer descobertas aqui em Plaza Huincul, pois sempre estamos descobrindo algo novo, afirma Coria.

Recentemente, por exemplo, sua equipe encontrou em meio aos restos dos dinossauros do grupo dos saurópodes, ossos de uma espécie de um carnívoro maior que o gigantossauro, cujos ossos também foram descobertos na região.

O dinossauro, cuja espécie ainda não é conhecida, seria muito semelhante ao tiranossauro rex, de acordo com o paleontólogo, mas de tamanho superior, atingindo quase 15 metros.

Por esse motivo, o tiranossauro rex, que seria o mais temido nas regiões em que viveu, nunca teria vindo para o sul do planeta, onde o gigantossauro e o outro carnívoro recentemente encontrado reinavam."

(Folha de SP, 13/5)

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